Moradores da rua Apolônio de Carvalho Pinto, conhecida como rua Sete, no Jardim Conquista, tiveram que deixar suas casas na segunda-feira, 24, por determinação da Defesa Civil da cidade
Além da remoção das famílias, o órgão deu início à demolição das casas que foram condenadas por causa do risco de desabamento.As famílias desalojadas foram encaminhadas para uma escola desativada no Jardim Paraíso e inscritas no programa auxílio-aluguel de até dois anos para conseguir outro imóvel. A medida ainda é provisória.
De acordo com nota divulgada pela Prefeitura de Jacareí, a situação de risco foi constatada após as fortes chuvas que atingiram a cidade desde o fim do ano passado. A informação não corresponde à realidade do habitacional que desde a sua entrega já apresentava graves problemas estruturais causados pela localização precária, já que as casas foram construídas em um brejo (tipo de ecossistema de águas rasas e semiparadas coberto com ervas de diversos tipos e tamanho).
"Parei de pagar as parcelas do financiamento há pouco mais de dois anos quando percebi que minha casa estava caindo. A princípio tudo isso era um sonho, uma felicidade. Por mais que a casa estava com problemas, tinha esperanças de arrumá-la. Agora vi que tudo acabou", disse Donizete Aparecido Vicente, 36, que morava no habitacional com a mulher e oito filhos e agora está abrigado na escola do Jardim Paraíso.
Vicente afirma que o comunicado da demolição das casas foi feio no dia 21 de janeiro à tarde, com um prazo de 48 horas para a retirada das famílias. "O prazo foi muito curto. Arrumamos o pouco que tínhamos saímos da casa. Mesmo assim tive que deixar muita coisa para trás", explica.
As famílias estão abrigadas em uma escola desativada no Jd. Paraíso
Talita Batista de Andrade, 21, também está inconformada com a situação. Ela conta que depois de um ano da entrega do loteamento, sua casa já apresentava alguns problemas. "Minha casa não estava no nível da rua e com as chuvas ela foi afundando". Sem ter para onde ir, ela, o marido e a filha também estão abrigados na escola do Jardim Paraíso e esperam uma solução da administração municipal. "Eles ofereceram um auxílio aluguel de R$ 400. É difícil encontrar uma casa para alugar neste valor".
Histórico - Dias depois de sua entrega, em julho de 2007, a equipe de reportagem do Semanário esteve no local para acompanhar os dramas das famílias que já sofriam com os problemas estruturais das casas. Além das trincas nas paredes, telhas quebradas e falta de rede de esgoto, o solo já estava cedendo e provocando o desnivelamento das ruas e casas.
Desde então, o Semanário vem acompanhando o sofrimento e reivindicação das famílias. Na última semana, a equipe de reportagem esteve novamente no local e constatou a angústia e medo dos moradores que, depois das fortes chuvas do dia 9 de janeiro, temiam ao desmoronamento das casas.
Com os temporais, muitas casas, principalmente as da rua Sete, foram alagadas e inundadas. Entre alimentos, móveis e utensílios, as famílias perderam quase tudo, mas a preocupação maior ainda era com as condições estruturais das casas. "Joguei o pouco que tinha fora e algumas coisas tive que queimar. Sou beneficiária da Renda Cidadã e por isso não tenho condições de arcar com os prejuízos. Agora conto apenas com a ajuda das pessoas", disse a dona de casa Celina Barbosa.
A reportagem foi publicada na edição do dia 21 de janeiro com tristes depoimentos e imagens do cenário desesperador da obra, a primeira habitacional feita pelo PT em Jacareí e uma das principais vitrines do governo Marco Aurélio.
Fonte : Semanario
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